sexta-feira, 12 de abril de 2013

Uma breve reflexão sobre nós

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Uma das preocupações que temos com o Trapezistas de Estrada (coletivo formado por Jopa Moraes Pedro Cobiaco e Calvin Voichicoski) é entender e estabelecer a linha de trabalho do coletivo. Não de maneira que isso nos limite como contadores de histórias, mas sim para expandir nossa força como um conjunto. Na descrição da nossa página no Facebook está escrito que somos um coletivo que busca "experimentalização e um espírito rock 'n' roll", mas o quê exatamente isso significa para nós e como isso se reflete nas histórias em quadrinhos que a gente cria, ainda é um processo de descoberta.

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Página do Calvin Voichicoski feita em cima da proporção áurea.

O experimentalismo que o Trapezistas tanto preza e busca não parece ter tanto a ver com um domínio vasto do meio para suberverte-lo, mas sim com um aprendizado via tentativa e erro, onde a gente tenta desconstruir elementos básicos dos quadrinhos (e que já foram, muito antes da gente ter nascido, desconstruídos) ao mesmo tempo em que buscamos entende-los melhor. Usamos a fórmula só para, logo em seguida ou até ao mesmo tempo, negá-la. Uma das primeiras preocupações é tratar os quadrinhos como uma linguagem própria e buscar, dentro dela - em seus códigos, sinais e estimulantes limitações -, uma maneira própria de dizer o que queremos.

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Pedaço de página de Jopa Moraes onde cada quadrinho é um fragmento do quadro Nighthawks de Edward Hopper.

Daniel Clowes defende em seu pequeno ensaio "Modern Cartoonist" que é preciso dar o devido valor à imagem estática. Clowes diz que, nos quadrinhos, o objetivo é conseguir que a imagem estática comunique mais que sua contrapartida em movimento. Esse culto à imagem em movimento do cinema bota os quadrinhos constantemente "em dívida" com a linguagem cinematográfica, enquanto que, na verdade, a mágica dos quadrinhos se faz exatamente nos elementos que o cinema não tem. É nas imagens DESENHADAS e ESTÁTICAS (que podem ou não tentar passar a sensação de movimento) e no o conjunto de quadros que requer não somente uma apreensão individual, mas da página como um todo, que ocorre a apreciação de uma história em quadrinhos.

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Pedaço de página de Pedro Cobiaco para sua série "Adolescência".

Sabemos que muito já foi feito para virar os quadrinhos de cabeça para baixo, mas temos consciência de que ainda existe muito a ser explorado. E aí que se encontra o tal "espírito rock n' roll", sem muito medo de errar ou de não ser totalmente original, experimentamos com o que não conhecemos, experimentamos com o que não conhecemos o suficiente, experimentamos com o que já foi experimentado, para, quem sabe, conseguir criar algo realmente nosso. Queremos criar o novo, mas só se isso for resultado espontâneo do trabalho. Agora, posso garantir que estamos trabalhando.

terça-feira, 2 de abril de 2013

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2013 têm sido um ano de muita produção. 2012 foi, para mim, um ano quase inexistente no que diz respeito a criar quadrinhos. Mas agora, depois de superado o medo estúpido da tal "página em branco", meu medo é não dizer o que tenho pra dizer. Fiz duas histórias para revistas coletivas, uma virtual e uma impressa (e colorida!) que ainda não foram lançadas, mas que serão em breve. Fiz também, durante um evento chamado Mini-Comic Day, uma revistinha de oito páginas em a6, tudo num dia só. Dá pra ler por aqui. Além de tudo isso, o mais importante é: revivemos o Trapezistas de Estrada. Tenho junto com o Pedro Cobiaco e com o Calvin Voichicoski esse coletivo de quadrinhos que agora tem uma página no facebook por onde lança suas novas páginas. Dêem uma olhada que a paisagem só é completa com as três partes. Do fragmento do todo que me diz respeito já foram publicadas três páginas, que reproduzo aqui para ficar também registrado para meus leitores e futuros leitores (é tempo de revolução, gente!).